sexta-feira, 28 de maio de 2010

Como Conhecer Uma Pessoa

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Dizem que para você conhecer de verdade uma pessoa é preciso viajar com ela. Porque é numa viagem que as angústias, medos, egoísmos e (in) tolerâncias se afloram rapidamente. Afinal de contas, ninguém quer perder tempo fazendo média numa estadia rápida num lugar aonde provavelmente você não vai mais voltar tão cedo, certo?

Pois bem, como este espaço também é uma espécie de prestador de serviço social e como, humildemente, tenho experiências (boas, neutras e ruins) de viagens com amigos ou conhecidos, resolvi quebrar esta para vocês. Assim sendo, passo aqui, nas próximas linhas, dez cuidados preciosos que você deve ter para evitar (ou diminuir) encheção de saco em uma viagem que tinha tudo para ser a melhor de sua vida. Todas elas, em resumo, são até desnecessárias se você tem uma boa conversa e conhece bastante o companheiro de viagem antes de embarcarem. Mas vamos lá:

image1) Não viaje com gente fresca.
Às vezes a pessoa é maravilhosa, divertida, inteligente, agradável. Até mesmo um “irmão”. Mas, meu amigo, para viajar, a pessoa é fresca. Mimadinha. Pirracenta. Só quer ficar em hotel confortável. Não gosta de caminhar. Só gosta de andar de táxi. Quer comer sempre no melhor restaurante. E fazer compras. Muitas compras. Pessoas assim tendem a fazer da sua viagem algo caríssimo e, sobretudo, insuportável caso algo saia da programação (desabe uma chuva inesperada, a mala não chegue, o pneu do carro fure, o ônibus quebre na estrada etc). Pode ter certeza: se algo sair errado, além de não te ajudar em nada, essa pessoa vai ficar te amaldiçoando e carregando o ambiente. Fuja disso!!!

2) Programas diferentes.malacompanhado
Converse bastante com o seu parceiro de viagem antes para deixar bem claro que vocês não precisam estar juntos até na hora de trocar as cuecas. Nem têm de ir para os mesmos museus, parques de diversões, bares e programas o tempo todo. Se você tem tolerância para fazer algo diferente sem se incomodar tudo bem. Mas fazer programa que você não está a fim é uma merda. “Cara, vai lá no seu museu de arte contemporânea hoje, que eu vou visitar o Maracanã. No fim do dia a gente se encontra para tomar um Chopp, beleza?”. Acredite. Isso até torna mais agradável a companhia do outro. Programa diferente significa experiência diferente pra contar no fim do dia.

image3) Pindaíba não.
Viajar sem frescura é uma coisa. Agora, viajar com gente que não tem grana para comer nada fora do salgadinho congelado e batata chips do mercadinho e nem para fazer nenhum programa básico é o fim do mundo. Imagina você ir a Paris e não poder entrar no Louvre? Ou a ir ao Rio de Janeiro pela primeira vez e não subir no Cristo ou no Pão-de-açúcar? É uma merda. E é tenso. O viajante sem grana só pensa nisso. A decisão para fazer um programa A ou B não passa em nenhum momento pelo nível de interesse ou atratividade. É somente “quanto vai custar”. É monotemático e chato. E é frustrante demais você ir a um baita lugar e não poder sequer jantar num restaurante bacana ou tomar umas no pub mais tradicional da cidade. “Ah não, vamos comprar no supermercado e ficar bebendo no meio da rua ou na casa de alguém porque é mais barato”. Sem contar que se algo der errado, se o cartão dele não passar, se ele não tiver grana trocada, se ele tiver calculado mal o quanto tinha de ter levado para ali, cara, a conta vai sobrar pra você. O viajante sem grana, até por instinto de sobrevivência, é um malandro de primeira linha. Sempre vai querer se dar bem. Eu não dou conta.

image 4) Egoísmo na hora do imprevisto.
Isso é até desagradável. Se você tem iniciativa para propor programas e passeios inusitados e a pessoa não coloca objeção, subentende-se que está tudo bem, certo? Errado. Na hora que o seu programa revelar-se não tão legal (para aquela pessoa), é que você vai ter noção real do egoísmo do seu amigo (a). Viajar junto para uma ilha paradisíaca com tudo pago e acertado é fácil. Todo mundo se ama. Quero ver se no meio de um passeio de barco que você inventou de fazer de tarde, o barco quebra em alto mar. Mesmo que tudo esteja sob controle, tem gente que insiste em carregar o ambiente e jogar a culpa em você por conta desses imprevistos. É nessa hora, da dificuldade, que a pessoa mostra o verdadeiro caráter e (falta de) companheirismo.

image 5) Fumar sim, mas longe de mim.
Já viajei com um baita amigo fumante. Aliás, foram várias viagens nesse esquema. Eu detesto fumaça, não fumo e tenho raiva de quem fuma em ambiente fechado. Para evitar problemas, não fique se remoendo: fale logo de cara que é pro sujeito ir fumar longe deimage você, se tiverem no quarto do hotel ou em algum lugar onde não haja circulação de ar.

6) Papai Smurf de cu é rola.
Quem é mais safo com viagem acaba tendo de virar babá de marmanjo desatento. Então, dentro do possível, avise seus camaradas de aventura com toda a antecedência possível sobre os documentos que eles precisam levar (habilitação, passaporte com validade mínima de seis meses, identidade, carteira de vacinação, de estudante, de jornalista, etc.) para a viagem. Para evitar de chegar num lugar e não poder alugar um carro, fazer uma viagem rápida pro país vizinho ou um programa diferente porque o bunda mole não estava preparado.

image 7) Não precisamos conversar o tempo todo.
É legal bater papo e trocar idéia. Ainda mais com quem tem boas idéias e papo legal. Mas as vezes é mais divertido ainda ficar quieto, ouvindo um iPod ou lendo um livro enquanto se curte a paisagem ou se descansa no quarto de um hotel, albergue ou pensão. Se você tem um amigo sem-noção que não para de falar, dê a dica: “cara, vou dar uma lida agora. Mais tarde a gente se fala, beleza?”

8) Desconhecidos jamais.
Jamais viagem com alguém só para ter companhia sem conhecer a pessoa razoavelmente. Isso é receita pra dar merda. Já pensou juntar grana e esforço pra passar 30 dias na Ásia com um coleguinha de repartição e quando chega lá descobre que o camarada só quer saber de comer puta, fumar maconha e encher a cara? Ou ainda ir para a Patagônia e quando chegar lá descobrir que o camarada detesta fazer trilhas? Ou ir para alguma praia do Nordeste e sacar que o sujeito tem alergia ao Sol? Não, não dá.

image 9) Filho de uma ronca e fuça.
Roncar é um tormento. Uma doença incurável, eu diria. Não tem muito o que fazer nesse caso a não ser agüentar. Todo mundo fala em dicas para evitar o ronco (cutucar de lado, empurrar um pouco, mudar a posição do travesseiro, etc), mas, na boa, nada adianta. Viajar com alguém que ronca mais do que uma baleia no cio é uma tortura sem fim. Eu, pelo menos, não consigo dormir ao lado de gente assim. Neste caso, avalie bem as condições. De repente, o custo-benefício de ter uma baita companhia ao lado compensa as horas de olho pregado sem poder dormir que você vai perder de noite (e que vão acabar com seu dia seguinte). Ou não, sei lá. image

10) Esquentadinhos que se fodam.
Não sei quanto aos outros, mas eu não só detesto como morro de vergonha de situações em que um camarada meu se mete a dar esporro em garçons, recepcionistas, vendedores, atendentes e todo tipo de serviçais. Eu prefiro morrer a ter de ficar ouvindo situações constrangedoras e berros desnecessários de gente que aproveita uma viagem para demonstrar toda a sua raiva do mundo. De novo, conheça bem a pessoa antes de passar esse aperto.

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